quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um avião na estrada


Quando armei minha barraca às margens da Estrada Parque (foto), eu estava acompanhado de minha colega e sócia Alejandra Morra e minha filha Midori. A dona Maria, moradora da estrada às margens da estrada, veio até o local oonde eu armava a barraca e disse:

- Cuidado! se vier uma comitiva, vocês vão ser atropelados.
- Que comitiva? O Governador? O Presidente? - perguntei.

- Não, de boi! Uma boiada! Se se assustarem vocês vão ser pisoteados.

Mais tarde, foi a vez de tentar armar a barraca em outra área e fui avisado que alí não podia.

- Por quê?
- Pode aterrisar um avião.

Eu não acreditei até que um dia, ao voltar das andanças encontrei esse pequeno avião estacionado à beira da estrada.

Meu Pantanal


Esta foto foi feita com uma câmara Olympus Pen emprestada pela minha amiga Renate Perner de Foz do Iguaçu. Tamanha era a minha pobreza. A Renate e o marido Euclides, me deram ainda uma bicicleta Cassola que aparecerá nas histórias que aparecerão adiante neste memo-blog. Acampei por um tempo às margens de um curso d'água conhecido como Rio São Pedro na Estrada Parque. Na época das enchentes a região parece um mar. Daí, quando água baixa parece um lago. Depois, com o passar do tempo, parece um riacho e vai diminuindo até virar um fio d´água disputado (numa boa) por jacarés, pássaros, capivaras e quem quer que queira pegar peixes para comer - falo dos animais. Finalmente, o rio desaperece, e vira terra firme. Em uma dessas incursões pelo riozinho, o lado esquerdo do aterro (estrada) estava seco. O lado direito tinha água e estava na fase de ser lago. Me aventurei para aquele lado. Passei uns dois dias sumido. Um dia pela manhã, depois de desarmar a barraca, me preparar para voltar, encontrei uma terra alta coberta de flores minúsculas. Me deitei, sobre elas. Me afundei nelas e cliquei a foto acima. Como a Olympus tem uma lente grande angular poderosa, foi necessário estar realmente muito perto para tirar a foto. Toda a experiência foi maravilhosa.

Pôr-do-sol


Um fim de tarde no rio São Pedro. Armado com a Olympus Pen, e já que ninguém estava comigo para testemunhar, a única de fazer fotos era apontar o bico do caiaque para o alvo e deixar que o cockpit aparecesse.

Caiacando com jacarés





A idéia de navegar o Pantanal em caiaque me ocorreu um dia, quando em visita à região, vi um casal dos Estados Unidos sepreparando para descer o Rio Abobral em caiaque duplo desmontável. Inveijei-os imediatamente. Eu já havia feito descidas de caiaque no Amazonas, Javari, Alto Solimões e sonhava isso para o Pantanal. As fotos mostram alguns lances. A primeira foto mostra uma de minhas primeiras clientes navegando no meio de camalotes explorando a região. Na segunda, eu apareço remando um caiaque duplo feito em Santos pela Opium Kayaks de Fábio Paiva. A foto foi feita pela Dona Maria, em uma das primeiras vezes que empunhou uma máquina fotogáfica. Na terceira, aparece um neto da Dona Maria que fez um passeio comigo para ver jacarés de perto. A minha grande "coisa", o "tchã" era navegar com os jacarés. E nunca tive problemas. Hoje já tenho certo temor por dois motivos: ganhei idade; tempo demais na civilização dos medrosos.

Jacaré turístico


Depois de navegar comigo e ver o Pantanal segundo os princípios que eu pregava e tentava passar para o público, a minha cliente, a japonesa que aperece na foto acima, viajou para Corumbá com o marido, ótimas pessoas, e fizeram uma excursão no rio Paraguai. A foto do jacaré amarrado pelo funcinho, humilhado, exposto na frente de um monte de turistas "abilolados", chocou ao casal (infelizmente, me escapou os nomes deles). Mais tarde de Londrina, eles me mandaram a foto e comentaram sobre o constrangimento da cena - que se repete até hoje.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Mapa hidrográfico do Mato Grosso do Sul


Fonte: ambiente brasil

Rios do Pantanal no MS

Rio Miranda


Eu tenho paixão muito grande pelo rio Miranda no Mato Grosso do Sul. Tenho paixão por rios. Já naveguei o Solimões, o Putumayo que no Brasil se chama Iça, o Javari - que está tão longe, já morei no Urumutum e hoje vivo na desembocadra dos rios Iguaçu e Paraná, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O rio Miranda já foi chamado Mbotetei. Depois passou a ser chamado de Mondego - nome de um rio em Portugal e exaltado por Camões, neste poema:


Doces águas e claras do Mondego,
doce repouso de minha lembrança,
onde a comprida e pérfida esperança
longo tempo após si me trouxe cego:

de vós me aparto; mas porém não nego
que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança;
mas quanto mais me alongo, mais me achego.

Bem pudera Fortuna este instrumento
d'alma levar por terra nova e estranha,
oferecido ao mar remoto e vento;

mas alma, que de cá vos acompanha,
nas asas do ligeiro pensamento,
para vós, águas, voa, e em vós se banha.

Luís Vaz de Camões

__________


Assim, dedico ao Miranda, ao Mbotetei, ao Mondego e faço minhas as palavras:


"de vós me aparto; mas porém não nego
que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança;
mas quanto mais me alongo, mais me achego".

O Rio Miranda pertence à Bacia do Paraguai. Nasce próximo ao Paraguai na divisa entre os municípios de Jardim e Ponta Porã. É um grande rio. Faz uma longa viagem pelo estado até entrar no Pantanal. Algumas partes dele conheci bem. Conheci também muitos de seus afluentes. Ese blog vai explorar lembranças e vivências no Pantanal, no Rio Miranda e na Serra da Bodoquena.