terça-feira, 12 de maio de 2009

De bicicleta à Morraria do Sul

A Morraria do Sul é um lugar que existe realmente. Mas, em Miranda eu tinha impressão de que estava ouvindo falar de um lugar mitológico. Eu escutava falar dele, mas ninguém tinha ido lá.

É lindo na Morraria. Tem muita pedra lá   alertava o Barba.
–  Assim que trocar de carro, nós vamos lá  prometia o proprietário do hotel...

–  Meu amigo tem uma fazenda lá, o clima é como na Suíça  dizia o dono do Hotel Pantanal. E eu pensava: de que esses caras estão falando? O Hotel Pantanal sempre foi minha espécie de base. Minha relação com ele foi interessante. Me hospedei nele por um tempo em troca de serviços. Fiz divulgação dele. Atendi grupos. Organizei festas. Um dia encontrei lá um geógrafo da UFMS. Começávamos a conversar e eu aproveitei para obter dicas sobre trabalhos realizados sobre a Serra, mapas, publicações onde eu pudesse obter dados sobre o relevo do Estado (MS), do Pantanal, da região entre Miranda e Aquidauana, Bodoquena, Jardim e Bonito. O geógrafo me incentivou. Fiquei abismado! Não é fácil encontrar profissionais de alto nível acadêmico que se disponha a conversar e passar dicas para um simples guia de turismo sonhador. A distância entre academia e gente comum é muito grande e as relações me parecem perfeitamente “brochas”. Mas não ele. Ele me disse: “se eu fosse você, eu iria de bicicleta ou a pé. Não é lugar para chegar com ônibus de turistas”, alertou.


Partindo de quem partiu o conselho, não me levou muito tempo para fazer meus precipitados preparativos para a viagem. Eu não diria nada aos colegas que me prometiam levar para dar uma volta na região. Eles poderiam me segurar por muito tempo e eu não estava disposto a pegar aquele síndrome (já mencionado). Por azar, um desses colegas anunciou que tinha de submeter-se a uma cirurgia séria em Campo Grande. Depois de assegurar-me que tudo estava bem, dediquei-lhe mentalmente a viagem.

Na hora em que o colega dava entrada no hospital, eu embarcava em um ônibus amarelo escuro e branco do Expresso Mato Grosso. Destino: Bodoquena, a cidade, 54 quilômetros estrada abaixo e acima. Minha bagagem: uma bicicleta Cassola. Quadro feminino, cor vermelha, que eu havia ganho no meu aniversário anterior. A bicicleta tinha 18 marchas mas não me perguntem a marca do câmbio.

A estrada Miranda-Bodoquena já era minha conhecida. Ela atravessa uma área de cerrado. Nos pontos mais altos da MS 339 se pode ver a imensa vastidão da planície. Eu adoro ver as coisas do alto. Não se isso se deve ao fato de eu ser páraquedista e parapentista* ou por ter sido urubu em alguma outra vida. A estrada asfaltada acompanha a direção do Rio Miranda até a entrada do Campo de Instrução Betione do Exército Brasileiro. Daí, a estrada segue o rio Betione que vem da Serra da Bodoquena e vai para a cidade do mesmo nome.


A Serra da Bodoquena se avoluma num crescente natural à frente, à direita e à esquerda. Não demora e o ônibus entra na pacata cidade onde, aparentemente, não acontece nada. Bodoquena já foi parte de Miranda e há 13 anos ganhou autonomia. O antigo nome de Bodoquena era Campão – o que ainda e usado por muita gente na região. O ônibus pára na agência. Eu desço. O bagageiro se abre. A Cassola é gentilmente descarregada. Coloco a caramanhola – aquela garrafinha plástica para água – e volto meia quadra em direção à rua principal.

Há um taxista na esquina. Pergunto-lhe: qual é a direção da Morraria? Creio que deve haver mais um ou dois taxistas. O nome dele é Negão.
–  O quê? Você que ir pra lá de bicicleta?
–  Por quê?
–  Não chega não. Pelo menos hoje não.
–  Nada sério. Eu só quero saber o caminho, Vou até o trevo e volto. Talvez amanhã eu vá até lá mas vou de táxi. Com você, por que não, né?

Quando sai de perto do Negão, até eu acreditava que ia só até o trevo onde uma placa indica o caminho de chão. Parei em um bar. Tomei um refrigerante. Abasteci a caramanhola. Comprei uns chocolates do tipo Sonho de Valsa ou Valsa de Sonho.

A mão começou a coçar e eu obedeci, peguei a estrada. Que liberdade! Até o trevo há um longo trecho em declive. Descendo o trevo na banguela comecei a esquecer a estória de ir até o trevo. A visão daquelas montanhas não era exatamente minha idéia de Mato Grosso. Há algo de mistério. Sei que não é mas tudo me parece ser pré-andino. Os circuitos de meu cérebro não conseguiam enviar-me os reflexos necessários para que eu identificasse onde estava, minha posição. Brasil? Cochabamba? Boyacá? O ar é mais fresco, o verde é intenso e à esquerda na estrada, no precipício, vejo uns caraguatás gigantes, imenso.

O trevo!
Volto?
Prossigo?

- Vou só até aquela subida, daí eu volto porque não tô levando comida e água não é suficiente....

Pego a estrada de chão. Aqui o cascalho é natural. Terra de pedra. Logo na entrada da estrada há alguns colonos. Os colonos aqui são gaúchos.

À direita há um pequeno balneário com trampolim e tudo. A água é transparente e esverdeada.

- Lá pra frete deve ser mais transparente, pensei. Decido ir um pouco mais.

À esquerda há outro rio transparente também. Ele serve de lava-jato rápido. Um grupo de homens lava um caminhão no riozinho. As rodas traseiras do monstrengo estão dentro do rio. Abaixo do caminhão o rio esverdeado se torna ligeiramente mais escuro e mais oleoso. Será diesel ou graxa?

–  Filhos da puta!

Meu primeiro grito de irritação. Não existe um destino melhor pra um rio do que ser lava-caminhão? As vacas da redondeza parecem ser boas de leite, elas têm úberes grandes. Lá na frente tem uma vaca holandesa, creio.


_______

* Notas: já não sou páraquedista. Creio que tenho um pouco de
Labirintite. Já não sou parapentista. Embora ainda queira uma asa-escola para brincar. Nem “caiaco” mais. Todas as minhas bicicletas foram roubadas. Me atacou aquela síndrome?

2 comentários:

morraria disse...

Morraria um lugar muito bonito e gostoso de se viver.La tem uma pousada que esta em reforma e em breve estara prota para receber visitantes de tdo lugar do mundo,a pousada ja esta recebendo visitantes não esta totalmente pronta mas é uma pousada esuberante.venham todos visitar morraria do sul tenho certeza que quem visitar este lugar jamais esquecerá.
Eu sou filho da morraria e tenho orgulho em dizer que sou desse lugar maravilhoso.
La vc encontra grutas,um mirante lindo que vc enxerga ao cair da tarde um belo por do sol.
Meu nome é Humbeto tenho 20 anos e amo esse lugar..............................................................

morraria disse...

Morraria um lugar muito bonito e gostoso de se viver.La tem uma pousada que esta em reforma e em breve estara prota para receber visitantes de tdo lugar do mundo,a pousada ja esta recebendo visitantes não esta totalmente pronta mas é uma pousada esuberante.venham todos visitar morraria do sul tenho certeza que quem visitar este lugar jamais esquecerá.
Eu sou filho da morraria e tenho orgulho em dizer que sou desse lugar maravilhoso.
La vc encontra grutas,um mirante lindo que vc enxerga ao cair da tarde um belo por do sol.
Meu nome é Humbeto tenho 20 anos e amo esse lugar.......................................................